Sala de visitas

O homem carrancudo aperta minha mão e logo sinto sua força física e, creio eu, algo a mais, algo pesado em sua mão, porém em não tinha certeza. Eu então olhei para Scott, que se aproximava de nós naquele momento, já indagando o homem carrancudo, cujo nome deveria ser Logan, sobre seus poderes:

- Já estávamos indo para dentro Logan... Seus sentidos aguçados não captaram isso?

Eu fiquei apenas observando os dois conversando, parecia que se conheciam de longa data, mas, por alguma razão, eles não se davam muito bem, pelo menos era o que parecia, entretanto, eu já havia me enganado antes. Eu gostava de traçar perfis psicológicos, era muito interessante perceber ou analisar uma ou mais pessoas para ver se elas sentem empatia uma pela outra ou não, isso era algo que eu costumava fazer com uma certa frequência, sem nem mesmo perceber.

Scott logo se vira para mim e me faz uma pergunta:

- Fique à vontade Thomas... E então... O que a sua mutação lhe permite fazer?

Eu olhei um pouco assustado para ele, afinal, ninguém nunca tinha me perguntado algo sobre minha mutação. Não pude deixar de me sentir um pouco cansado, então decidi me sentar um pouco na poltrona que tinha perto de mim e após pensar se deveria ou não contar o que aconteceu, eu disse para ambos ali:

- Eu nunca quis esse poder. Ele nasceu comigo, não é algo que se escolhe, mas isso vocês já sabem. Infelizmente eu não posso lhe mostrar meu poder mutante, Scott, a menos que você e Logan queiram desmaiar por algum tempo, ou ficarem surdos.

Eu parei de falar e então, respirando fundo e dando um voto de confiança neles, eu disse olhando para o chão que era coberto por um tapete felpudo:

- Eu possuo o poder de controlar o som, ampliando-o ou diminuindo-o. Posso tornar o som de um estalar de dedos tão alto que pode até mesmo estourar tímpanos. Por isso estou aqui. Uma noite, quando meus poderes despertaram subitamente e sem controle, eu gerei uma onda sonora tão aguda e amplificada que desmaiei todos dentro da minha casa por várias horas e destruí todas as vidraças e cristais da casa...

Eu dei outra pausa, lembrando do que aconteceu a seguir:

- Quando minha mãe acordou e soube dos meus poderes ela...ficou diferente...mais fria, já não me olhava como uma mãe olha para um filho, estava mais para o olhar de alguém que enxerga um monstro, um monstro que devia ser exterminado. Eu sabia que não poderia ficar na minha casa por muito tempo, afinal, eu não sabia se iria me descontrolar de novo, então descobri esse instituto para superdotados, eu não sabia muito a respeito daqui, mas eu esperava que fossem profissionais o suficiente para me ajudar sem me revelar, e pelo visto o destino me trouxe ao lugar certo...

Eu parei de falar naquele momento, já havia contado muito da minha história pessoal e acho que estava até aborrecendo Logan com ela, ou talvez aquela face irritada dele fosse assim o tempo todo. Eu então fiquei olhando para o chão, reflexivo e preso em meus pensamentos.